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Pare, respire e (re)comece” - uma perspetiva sobre a exposição prolongada e intensa ao stress

  • Foto do escritor: serenaamenteleiria
    serenaamenteleiria
  • 10 de set. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 9 de out. de 2023


No dia-a-dia é comum escutarmos pessoas dizerem algo como: “sinto-me tão stressado(a), tenho tantas coisas para fazer” ou “tenho andado tão stressado que não consigo dormir”, ou até “o meu médico disse-me que os meus sintomas são derivados ao stress, então receitou-me uma medicação para ver se aliviam”, entre muitas outras frases…

… a verdade é que o stress, enquanto sintoma, está presente em muitos dos problemas psicológicos e é até considerado um fator determinante na manifestação de muitas doenças físicas – justificando-se, assim, a importância que este conceito tem ganho nos últimos anos, quer nos media, quer por parte de profissionais de saúde das mais variadas áreas de intervenção. Só numa revista científica da área da saúde – a Pubmed – encontram-se cerca de 14.000 artigos científicos produzidos sobre o stress, nos últimos 10 anos.

Geralmente o stress é definido como uma resposta natural e expectável do corpo e da mente, isto é, uma manifestação fisiológica (sintomas físicos) e psicológica (sintomas emocionais e cognitivos) resultante de pressões ou exigências externas. O stress pode ser então entendido como a resposta do nosso corpo a uma ameaça, desafio ou a uma mudança percebida no ambiente que nos rodeia. Muitos dos sintomas são já bem conhecidos:


Estes sintomas podem, por sua vez, resultar da exposição a situações bastante distintas – por exemplo, pressões no trabalho, problemas de relacionamentos, questões académicas, preocupações financeiras, com a saúde - e têm um maior ou menor impacto na pessoa tendo em conta a sua história de vida. Por isso, para algumas pessoas uma mudança de trabalho é um fator stressante e para outras não é.
O que é essencial compreender é que perante uma situação ou evento stressor o corpo produz hormonas - cortisol e adrenalina - que vão preparar o corpo para lutar ou fugir. E essa resposta fisiológica, que se faz acompanhar, naturalmente, por sentimentos, emoções pensamentos e todo um leque de experiências psicológicas, é expectável ocorrer em muitos momentos da nossa vida (quem nunca precisou de alguma pressão para terminar aquela tarefa que não tinha vontade de realizar?) …

… o grande problema da exposição ao stress é quando a sua intensidade e duração ultrapassam o limite do saudável… e qual é o limite saudável do stress? É o limite que cada pessoa possui internamente. Algumas pessoas terão maior capacidade de aguentar mais stress durante mais tempo, outras durante menos tempo ou com menor intensidade… então como saber qual é o seu limite pessoal? Conhecendo-se.


Eis alguns passos que poderá colocar em prática para aprender a gerir o seu stress e, ao mesmo tempo, a conhecer-se melhor:

Pare – reserve um pouco do seu tempo para refletir como tem sido ao longo da sua vida. Como foi que registou os momentos mais stressantes? Como sentiu no seu corpo? Que emoções o/a dominaram nessa altura? Faça essa checklist. Logo depois identifique até onde iria ou se deixaria ir nesses momentos se pudesse ter feito diferente (sem culpas, apenas com o objetivo de identificar os seus limites). Onde e quando teria dito “não”, onde delegaria tarefas a outras pessoas, onde ou quando terminaria aquele relacionamento tóxico/abusivo, ou quando teria procurado ajuda médica especializada, etc. Se ainda assim sentir dificuldade em identificar o que teria mudado e quando, ou quais foram os limites ultrapassados nessas experiências, procure ajuda psicológica, para que possa explorar estas questões em maior profundidade e perceber o que está por de trás dessa dificuldade.

Respire – Agora respire profundamente, sinta o seu corpo e tome consciência de como ele fica quando se sente tranquilo(a)? E a sua mente? Os pensamentos abrandam? Se sim, continue o exercício proposto e imagine como seria de agora em diante dizer mais vezes “não”, colocar limites claros, delegar tarefas a outras pessoas, tomar aquela decisão pelo seu bem-estar e autocuidado que há muito tem adiado (por exemplo, ter uma nova rotina, inscrever-se naquela aula de dança que à muito quer experimentar, etc.)… ao mesmo tempo, tome consciência de quem está realmente ao seu lado no teu dia-a-dia, qual é a sua rede de suporte neste momento ou com quem poderá de facto contar num momento mais crítico. Faça o seu plano mental de como quer ser e estar de agora em diante e comprometa-se com esse plano. Escreva, se assim sentir, e deixe esse plano num lugar bem visível, como se fosse um contrato consigo mesmo(a). Irá servir de motivação para começar a caminhar nesse sentido.

Por último, mas não menos importante - (Re)comece – coloque esse plano em ação! Se precisar, peça ajuda a alguém da sua rede de suporte. Imagine, por exemplo, que quer começar a ir ao ginásio pois reconhece que faria reduzir o stress, ao mesmo tempo que cuidaria de si… indo com alguém próximo tornaria o compromisso com esse objetivo mais fácil de ser realizado, ao mesmo tempo que geraria uma maior conexão com essa amizade. Se de alguma forma, notar que adia constantemente a realização dos seus objetivos e daquilo que lhe faz sentir bem, que prioriza tudo o resto na sua vida menos a si mesmo(a), procure ajuda especializada de um psicólogo, pois poderá ter outros motivos que fazem adiar repetidamente o que sabe ser o melhor para si.

Por muito que o stress faça parte da vida e seja expectável manifestar-se nalguns momentos em particular, não é demais sublinhar a importância de o sabermos gerir de forma saudável, sabendo os nossos limites pessoais, sabendo quando devemos parar e cuidar de nós (do nosso corpo e da nossa mente)... para que o stress “não leve a melhor” …


... para que não leve o ânimo…
... a vontade de viver…
.... e o mais importante de tudo…
.... para que não leve a sua saúde!


Cuide de si.

Se sente que precisa, peça ajuda profissional.


A Psicóloga Clínica,

Helena Gonçalves

 
 
 

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